Por Marta Nogueira
O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro), José Maria Rangel, afirmou há pouco ao Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor, que 33 das 45 plataformas da Petrobras na Bacia de Campos estão afetadas pela paralisação de funcionários da Petrobras desde a zero hora desta segunda-feira.
Segundo Rangel, a paralisação acontece em todo o país e deve durar 24 horas. Os funcionários da Petrobras reivindicam a definição de indicadores e de uma nova a metodologia para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
“Desde a meia-noite, as 33 plataformas pararam de emitir permissão de trabalho (documento necessário para a realização de procedimentos)”, disse Rangel, que também é diretor do departamento de segurança meio ambiente e saúde da Federação Única dos Trabalhadores (FUP). “Apenas os trabalhos que têm como objetivo garantir a segurança das plataformas e dos seus funcionários estão sendo realizados”, disse.
Rangel explicou que, a princípio, a produção na Bacia de Campos não será reduzida. No entanto, ponderou que, se por ventura for necessário interromper a produção de algum poço por questões de segurança ou até mesmo por necessidade de procedimentos, a produção não será retomada. “Apenas (voltará a produzir) se for necessário por questões de segurança”, disse, ressaltando que uma situação como essa não foi detectada até o momento.
As 33 plataformas têm cerca de 150 empregados cada uma, ou seja, quase cinco mil pessoas estão envolvidas na greve somente na Bacia de Campos.
Rangel afirmou que os sindicalistas e os trabalhadores não aceitam que a PLR seja calculada com base no lucro da empresa. Segundo o diretor, em 2012, a Petrobras informou uma queda significativa no indicador, mas mesmo assim não diminuirá o valor provisionado para os dividendos de seus acionistas.
De acordo com Rangel, os acionistas são protegidos pelo estatuto da empresa, que em seu artigo 5 do parágrafo 2, preserva a remuneração dos acionistas, independentemente da redução dos lucros. Os trabalhadores reivindicam os mesmos diretos dos acionistas.
No país
O coordenador-geral da FUP, João Antônio de Moraes, que está acompanhando a greve em Mossoró (RN), afirmou que ainda é cedo para calcular a participação dos trabalhadores em todo o país. Mas declarou que os 14 sindicatos filiados à federação aderiram à greve.
Filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), a FUP representa atualmente cerca de 40 mil trabalhadores da Petrobras, dos cerca de 80 mil existentes. Segundo Moraes, incluindo os sindicatos associados à FUP, cerca de 70 mil funcionários próprios da Petrobras estão ligados à FUP.
Em 10 de janeiro, os petroleiros aprovaram em assembleias a realização da greve nacional de 24 horas. O conselho deliberativo da FUP volta a se reunir no dia 30 de janeiro para avaliar os resultados das assembleias sobre o assunto e das mobilizações e interlocuções com a empresa e o governo. A federação também não descarta uma greve por tempo indeterminado, caso não haja avanços nas negociações.
Empresa
Procurada, a Petrobras afirmou que toma todas as medidas administrativas e operacionais necessárias para garantir a normalidade das atividades da companhia durante a greve. A empresa também destacou que trabalha para garantir a segurança dos seus trabalhadores e instalações.
Segundo a nota da companhia, a Petrobras apresentou, em dezembro, proposta para pagamento de antecipação da PLR de 2012. “A proposta adota os mesmos critérios utilizados em anos anteriores para a antecipação, considerando os resultados das empresas do Sistema Petrobras nos três primeiros trimestres de cada ano”, afirmou.
“A Petrobras continua aberta à negociação com as entidades sindicais para que as partes cheguem a um entendimento sobre a PLR 2012”, disse a Petrobras em nota.
Fonte: Valor Online
28/01/2013
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