Fatores que remontam à década passada podem ser considerados como a origem dos graves problemas que afligem hoje a Petrobrás. O principal deles é a decisão do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de usar o caixa da petroleira como mecanismo fundamental no combate à volta da inflação. Assim, os reajustes passaram a ser bastante eventuais e nunca nos níveis desejados pela companhia.
Com o aumento acelerado do consumo interno de combustíveis nos três últimos anos - a alta acumulada é de 57% desde 2009 - e a incapacidade das refinarias nacionais em atender ao mercado doméstico, a Petrobrás teve de importar combustíveis, especialmente diesel e gasolina.
O aumento é creditado à ascensão social de milhões de brasileiros e ao aumento da produção de novos veículos, como conseqüência dos incentivos governamentais à indústria automobilística, com a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI).
No decorrer dos anos, o preço do barril no exterior superou em muito o valor cobrado internamente. Impedida pelo governo federal, seu principal controlador, de repassar essa diferença para o preço final da gasolina e do diesel, a Petrobrás passou a acumular prejuízos milionários mês após mês na balança de gastos entre combustível comprado e vendido.
Essa defasagem é uma das razões apontadas na terça-feira passada pela presidente Graça Foster para explicar os motivos de a Petrobrás ter registrado em 2012 seu mais baixo lucro líquido desde 2004. Em relação a 2011, o recuo do lucro foi encarado com surpresa, tal sua magnitude: 36%. A desvalorização cambial é mais um fator que influencia as combalidas finanças da estatal.
Outro item citado por Graça como de responsabilidade importante na crise que atinge a companhia é "o aumento de despesas extraordinárias" provocado pela inserção nos resultados de 2012 dos poços secos e subcomerciais acumulados ainda na gestão de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli. Essas despesas jamais tinham sido contabilizadas.
A estagnação produtiva, iniciada há três anos, é resultado, para a atual direção, de procedimentos equivocados durante a administração de Gabrielli, que não combateu a cada vez maior queda de eficiência da Bacia de Campos (litoral dos Estados do Rio e do Espírito Santo), a mais importante do País, e não providenciou as manutenções necessárias ao bom funcionamento de plataformas e demais equipamentos de exploração e produção.
Em 2012, o caixa da Petrobrás arrecadou R$ 54,145 bilhões com as atividades operacionais. A quantia foi insuficiente para custear os projetos ambiciosos, entre eles o de acelerar a exploração da camada pré-sal. Restou à companhia recorrer ao mercado financeiro, contraindo R$ 48,931 bilhões em empréstimos.
Como iniciar um processo de reversão desse quadro daninho à empresa e suas contas é uma questão que envolve a diretoria, o Conselho de Administração, o Ministério da Fazenda e a Presidência da República.
Graça Foster negou a possibilidade de uma nova captação, mas especialistas duvidam um pouco dessa certeza.
Fonte: O Estado de São Paulo
14/02/2013
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