Com a safra 2013/14 já aberta oficialmente na região Centro-Sul do Brasil os analistas do setor da bioenergia fazem os cálculos a fim de saber se as usinas terão capacidade técnica para processar esta, que será a maior safra da história de quase 500 anos da cana-de-açúcar no país. Para o vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia do Grupo Raízen, Pedro Mizutani, cerca de 20 a 30 milhões de toneladas de cana devem ficar de pé nesta safra.
"Não vamos ter capacidade de moer as cerca de 600 a 610 milhões de toneladas de cana estimadas para o Centro-Sul, isso porque a matéria-prima não está no mesmo lugar onde temos capacidade de produção, de moagem. Onde tem mais cana, não temos capacidade de moagem, isso vai se ajustar com o tempo, mas não necessariamente nesta safra", destacou Mizutani em entrevista à TV UDOP.
Segundo o vice-presidente da Raízen, para que o parque fabril do setor volte a crescer, é necessário que haja uma política clara da inserção do etanol na matriz energética, "se não tiver isso ninguém vai investir em etanol só por causa do preço, pois o valor varia de acordo com a demanda e oferta de mercado e de acordo com a política que o governo pode estabelecer em torno da gasolina", afirma.
Questionado sobre as ações já anunciadas pelo Governo Federal a fim de criar uma política mais clara e que incentive a retomada de crescimento do setor, Mizutani declarou que as ações já são percebidas, mas que ainda precisam ser aprimoradas. "Eu acredito que esta política do governo, de continuar importando gasolina e vendendo a preços abaixo do mercado internacional, seja insustentável. Então, acredito muito em nosso setor e, mais cedo ou mais tarde, os preços serão reajustados e vamos colher estes frutos, mas precisamos sobreviver até lá", ressaltou o executivo da Raízen, um dos maiores grupos bioenergéticos do mundo.
Para Mizutani, o setor deve se unir para vender mais o etanol. "Precisamos vender a ideia do etanol. Temos capacidade de absorção, somente no estado de São Paulo são 400 milhões de litros de etanol por mês, mas as pessoas não foram tocadas, elas estão abastecendo seus carros flex com gasolina, mesmo a 70%, pois ele (o consumidor) desaprendeu o que é etanol. Defendo que parte dos produtores tem que participar, vender nosso produto, fazer uma marketing do etanol, como feito no final do ano passado e que devemos retomar agora em maio", diz.
Rogério Mian
Fonte: Agência UDOP de Notícias
10/04/2013
Desenvolvido por TUA Web Tecnologia